segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Há uma semana


Antes que o relógio pudesse marcar seis horas  e que a Ave Maria anunciasse no rádio o repouso do dia, trouxeram a notícia de sua partida. Lá já se reconhecia que tudo sempre é repentino, súbito, e que a morte é por excelência o ato mais dramático dessa peça que vivemos. De repente, ficou ali naquele ventre o desespero se debatendo em grunhidos, um pouco de sangue tentando alimentar uma vida que já não existia. Deitado, tremendo, tal qual ela deve ter tremido, fechando e abrindo os olhinhos como sempre fizera, pensaram juntos em tantas coisas. Ele levantou-se e ela se foi. Não poderiam compreender esse manto invisível que nos cobre e que nos leva ao ser. Diante disso, desse medo, desse não saber, viviam. E para viver também era preciso ir. 

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