Espelho, espelho meu.

Criação e administração são dois intens indispensáveis da vida pós moderna que raramente se dão ao trabalho de aparecerem na minha consciência. E se assim o fazem, por meio de tanto esforço, são sempre tão cercados de diletantismo que dali mesmo tomam o caminho de volta e nunca, eu disse, nunca, se efetivam. Esse blog, portanto, não é obra executada. É tentativa. E tentativa não por amor à arte e outros cavalheirismos mais nobres - é tentativa naquilo que de mais primitivo a palavra carrega em seu bojo. 

Rodar Tudo é pra nunca parar em nada. É pra seguir viagem, sumir, reaparecer, olhar e traçar um novo caminho. Cabe também respirar cheiro de novidade, de prosa enrolada e de gritos de silêncio - meu e do mundo. É que escrever nesse caso pode ser a bússola que me aponta pro norte. E que aponta pro sul, pro leste e pro oeste sem jamais entortar, perder a compostura ou ir a bancarrota sem algum resguardo de inteligência e, vejam só, até humor. 

Seria pretensiosamente falso, desordeiro e gratuito dizer que aqui se encontra o criador falando pra criatura. Eu rabisco, mas fundamentalmente é esse blog quem me cria e recria - assim do dia para noite, de um texto pra outro, de uma foto estourada pra outra sem cor, de um livro vagabundo pra uma revolução, de uma rebeldia silenciosa pra uma flor e assim seguindo, soprando com o vento, mudando rumos e me desfazendo um pouco em mim. 

Mesmo quando não faz sentido, mesmo quando é somente fuga, talvez seja essa a grande soberba da escrita: promover em qualquer circunstância, elo ou no ridículo da existência,  o reencontro de si próprio. Aqui não se prestam contas, não há choro, alegria ou vela acesa. É só um parte reflexo do espelho buscando desesperadamente, lá dentro, o mundo inteiro