Quando ela partia, era como se o mundo inteiro virasse poeira. Todos os dizeres pareciam apequenados e fatalmente irritantes. Não importava quem os dissesse ou mesmo os seus intuitos e desejos. As coisas faladas agora enchiam o mundo de peso, roubavam-lhe a leveza que ela havia deixado. Se debatendo para não admitir esse momento, lançava-se impiedoso contra todos. Em ataques furiosos daquilo que poderia ser um pouco de mau humor ou rebeldia desconhecida, atacava para sentir a vida. Queria mesmo pensou, era impedir todos, segurá-los pelo braço e lavá-los com alguma humanidade que nele restara. Havia sido, então, somente isso. Um punhado de pessoas desfazendo-se nas miudezas, sendo apagadas por muito pouco, acreditando em suas crenças quase inúteis, sonhando os desvarios de uma loucura completamente apodrecida. Vendo essa barbárie sem rumo, atravessou o outono. Lá ainda era primavera.
O primeiro atingiu a pálpebra esquerda, trazendo-lhe o desconforto de estar no mundo. O outro caiu vertiginosamente contra a estrada que seguia. Vendo-o se transformar em nada, se desfazendo diante daquilo que poderia ser a imensidão, sentiu o infortúnio de rasgar-se em vida. E agora que existia, poderia contar algumas histórias
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sexta-feira, 24 de setembro de 2010
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Equinócio
O mar esmeralda da Baía e os versos de uma canção quase esquecida na memória, ensina que a vida da gente é assim mesmo: vai e volta, volta e meia, vem e vai. Como a primavera que hoje nos chega, há sempre um cheiro de começo. E é para isso que me rendo. Todos os dias e todas as noites, num jogo ímpar de igualdade.
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