terça-feira, 28 de abril de 2009

Pra não dizer que não falei das flores





Daí que a roda de conversa, bebida, música e risada mais legal é aquela formada por ex-integrantes do movimento estudantil. Fato. Tirei essa conclusão, no sábado, quando estava no aniversário de Luamorena Leoni. Tirando a parte em que eu bebi, cai, quase vomitei e encerrei a noite chorando initerruptamente enquanto obrigava dois dos meus melhores amigos a passar todos os 39 vídeos favoritos que tenho no Orkut, o restante foi absurdamente legal. Faria tudo de novo, quer dizer não tomaria banho de madrugada na casa de outra pessoa.

Dos presentes e conhecidos, todo mundo já tava fora do ME: ou largou porque se formou (É, né? Uma hora a gente também se preocupa com as aulas da universidade) ou porque foi tirar férias intermináveis enquanto pensa em táticas mais práticas de mudar o mundo que não necessariamente envolvam marchar pela Avenida Sete no belo sol de 34 graus que faz aqui nessa cidade. O meu maior referencial pra esse caso é minha amiga, com a retórica mais inteligente e clara que já vi, Munira (Ex-Frente Única, Ex-Carb, Ex-Contraponto, etc.).

Entrar no ME é tão indispensável quanto sair dele. De verdade, nenhuma experiência me marcou assim, tanto com a formação política, posturas e concepções que a gente carrega pra todos os lados, todos os dias, aprimorando e evoluindo, quanto pelas, extremamente necessárias, desilusões. O ME serviu até mesmo pra eu perder a vergonha, falar em público, discutir por horas intermináveis com aqueles anarquistas que queriam explodir a universidade, e me divertir muito com as picuinhas entre todas aquelas siglas que representam as inumeráveis correntes constituintes da esquerda brasileira. E, vai, naquela época eu não achava um saco perder 4h numa assembléia pra discutir quais seriam os pontos de pauta da reunião e depois de tudo decidido, opa, cadê todo mundo?

Quando essas pessoas todas se reúnem, ao invés de arranjar alguma explicação marxista-leninista-trotskista-gramsciniana para nossa relativa inércia e praquela conversa fiada de que captulamos e deixamos a resistência, etc e tal , a gente só arranja boas risadas. Boas risadas acompanhadas, agora, de samba. Maíra, ex um monte de coisas e siglas que não caberiam aqui, tem uma banda de samba, cujo nome eu não posso divulgar - não porque seja segredo ou exista o risco da banda se vender ao sistema (rs); é só que não tem nome mesmo, (vai saber por que). Finalmente alguma coisa underground que não seja o som lamentável do rock baiano. Mamai, além de cantar bem, dançar bem, atuar bem, ter olhos lindos, ainda gosta de Chico, Edu e Noel. Currículo completo, fechação total.

Falar de ex-militantes estudantis poderia até me deixar com aquela sensação passiva de ser "meio intelectual, meio de esquerda". Mas, diferente daquela sensação de que o ME só vomita pra fora da "resistência", bêbados desesperançosos e desiludidos ávidos por se esconder no submundo da cultura, dos bares e da vida, fico, nesses encontros, plenamente feliz de ver que esse mesmo Movimento pode sempre colocar pra fora de si pessoas mais humanas, sensíveis, evoluidas, sensatas e dispostas a não necessariamente mudar tudo num passo de um revolução vermelha, mas de mudar a vida de qualquer pessoa da forma mais simples que lhe é possível. De cada um, de acordo com suas habilidades, a cada um, de acordo com suas necessidades. Nisso, o velho Karl nunca perdeu a razão.

Foto 1: Onde estará o autor dessa chatice?

Nenhum comentário: