terça-feira, 14 de abril de 2009

Dos meus afazeres.



Suponho que terei uma dificuldade abominável em vencer meu sono vespertino. Hoje, por exemplo, tinha planejado ler uns textos, escrever umas coisas pendentes e ir ao curso de história, cinema e literatura africana lá no CEAO. A verdade é que a coisa mais produtiva que fiz foi passar a primeira hora da tarde no orkut e no msn procurando coisas e rindo de umas besteiras. Ao menos, agora eu sei que os livros que eu pedi na Saraiva não só não foram cancelados por problemas no cartão de crédito, como, nesse momento, já devem estar em algum depósito fétido do aeroporto ou da transportadora. Feriadão promete.

Desde que iniciei minha busca desesperada em torno de trabalho e sobrevivência, tenho que me submeter a atender o telefonema sempre. É um transtorno. Estava no décimo quinto sono, absorto em nada, preso ao barulhinho deteriorante que existe inevitavelmente nesse doce lar, e o telefone toca absurdamente alto e até me dar contar de que era mesmo o meu celular e não um carro de de mensagem indesejável fazendo palhaçadas cafonas aqui na Católica para algum desorientado, o caos mental já tava pronto. Caos mental comigo não funciona quando estou sobrecarregado. É mais intempestivo. As frases se batem soltas e desconexas no interior do meu cérebro, as sinapses não se completam com a aguda destreza que deveriam e as letras se desgrudam batendo dolorosamente na minha cabeça. O resultado é que não lembro de nada do que digo e falo um monte de coisas que se eu lembrasse ou tivesse coragem suficiente pra perguntar depois sobre o que eu falei ao meu interlocutor, teria absoluta certeza de que o caminho a ser tomado não é o do curso no Ceao, mas o do terapêuta (Tem acento, estou desaprendendo a escrever o português de escola). Meu temor é que algum dia não seja um amigo lembrando de minhas atividades diárias, mas um chefe de um lugar super legal que paga super bem e que super me interessa, tipo, o carinha do Núcleo de Mata Atlântica do Ministério Público. Melhor não dormir, né? Melhor não dormir. A sensação de recusar uma chamada é preciosa. Já perdi as contas de quantos números desconhecidos eu recusei sem pestanejar. Agora que aceito tudo, pareço até funcionário público próximo do fim do expediente: seis horas, já sinto alívio e as sete, felicidade barata: posso recusar quem eu bem entendo.

Sonhei com pessoas estranhas fazendo coisas estranhas. Preciso fazer a lista dos sonhos mais esquisitos que já tive. Lista essa, evidentemente, de domínio privado. Vou interromper. (Bethânia cantando Rosa dos Ventos, " de murmurar entre as pregas, de tirar leite das pedras, de ver o tempo correr. Mas sob o sono dos séculos, amanheceu o espetáculo, como uma chuva de pétalas, como se o céu vendo as penas morresse de pena e chovesse perdão"). Bethânia cantando Chico Buarque está entre as coisas que eu mais gosto de ouvir. É absurdamente bom. E eu tenho o vinil da época, tá? A única herança boa que vou receber, certamente. Estava pensando na incidência constante que eu tenho de gostar dos triunviratos da música popular brasileira. João, Vinícius e Tom. Chico, Caetano e Gil. Elis, Bethânia e Gal. Milton, Gonzaguinha, Cartola. Renato Texeira, João Bosco, Aldir Blanc. Cazuza, Renato, Hebert Vianna. Ok, vamos parar aqui pra manter o nível e a validade da minha teoria pós 5h de sono. Reunião de Trabalho em Cira, juro.

Foto: Essa formação personalista, cordial e amigável do nosso DNA transbordando no meu blog. Hélio Ribeiro fazendo suas maldades enquanto bebe.Melhoras Eliot.

Pra melhorar o humor
: Vamos ter uma Bienal digna finalmente. Escreverei, pois, sobre. rs

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