quarta-feira, 29 de abril de 2009

Vídeos


Só no programa do Amaury Junior, o que há de melhor.

1. O melhor de todos, claro, Narcisa abalando no baile. Porque a vida é mesmo louca e absurda.

2. A mulher de Carlos Alberto da Praça é Nossa, bêbada, mostrando o que é que o velhote tem.

3. Xuxa falando do oportunismo em torno do vídeo pornô Amor Estranho Amor. Notem no final o: "é ilegal? - é - bom - por cima do meu nome!"

4. Aqui Amaury dando uma de fera ferida. Depois disso, alguém duvida que ele não recebe dinheiro pra entrevistar essas pessoas todas?

5. E, por fim, Amaury Jr. entrevistando ninguém mais ninguém menos do que o super social João Gilberto. Ele mesmo. João reina, sério. "Gosta de Forró João (Elba Louca Ramalho perguntando)? Eu gosto de todos, viu Amaury, gosto de todos" "Puxa, seu programa é uma alegria e quando acaba a gente fica, oh acabou", "Você gosta da Rita Lee? O que é que você acha desse cenário de shows, etc e tal? - Isso é com o Nelsinho e com o Eduardo", "Quem é que você gosta? - Caetano, gil, o gil, (fala uns poucos cantores e, no final..) e o Roberto Silva. - Ahh, o Roberto Silva?! (Cara de Amaury: Tipo, quem é esse mesmo, hein?) etc, etc. E percebam que a entrevista é com ele, e a primeira resposta que ele dá é: posso pedir pro Nelsinho/Eduardo pra falar? Alias, né gente? Nelson Motta é onipresente. Que é que isso...

Vale Literatura


Mais um post falando de John Steinbeck e eu não aguentaria. Só que acabar As Vinhas da Ira e não deixar um mero registro aqui seria uma palhaçada criminosa. Sério que nem botava tanta fé nesse livro, apesar de ser o mais conhecidinho e já ter virado filme vencedor do Oscar e todas essas coisas que atraem boa parte das pessoas sem grandes referências. As Vinhas da Ira é de causar suspiros. Tem os melhores diálogos e a miséria mais miserável de toda a história da literatura. Sério, até eu me, veja, até eu, me senti rico. Acreditem, mas já existiu Etiópia na América. Vou reforçar: antológico.


Sente o clima:


E esses dois vão para a Califórnia; vão para lá a fim de se sentarem no halll do Beverly-Wilshire Hotel e olhar os que passam e eles invejam, olham as montanhas – montanhas, está vendo, e árvores copadas e altas! -, ele como olhos cheios de preocupação e ela pensando em como o sol vai ressecar-lhe a cútis. Vão ver o Oceano Pacífico, e eu aposto 100 mil dólares contra nada em como ela dirá: “Olha, não é tão grande como eu pensava!” E ela terá inveja dos corpos jovens e frescos que se revolvem na areia das praias. Eles vão à Califórnia para poderem regressar da Califórnia, e para poderem dizer: “Fulano e Sicrano estiveram sentados bem ao lado da nossa mesa, no Trocadero. Ela não presta, mas se veste admiravelmente.” E ele: “Encontrei uns negociantes graúdos. Eles dizem que as coisas só melhorarão quando a gente se livrar daquele sujeito que ainda está na Casa Branca”. E: “Alguém me disse, alguém bem informado, que ela tem sífilis, sabe? Aquela que fez cinema graças aos homens que teve. Bem, ela teve o que merecia”. Mas os olhos preocupados jamais têm paz, e a boca zangada jamais se abre num sorriso. O carro enorme e luxuoso passa a 100 por hora. (Página 193)


E sempre que um homem tivesse um pouco de dinheiro podia embriagar-se. Aí acabavam-se as arestas, e tudo era quente, confortador. Aí não havia mais solidão, pois que o cérebro povoa-se de amigos e o homem podia achar seus inimigos e aniquilá-los. O homem sentava-se num buraco e a terra tornava-se macia debaixo dele. A desgraça doía menos e o futuro não mais aterrorizava. E a fome não mais rondava por perto, o mundo era suave e sem complicações e o homem podia chegar onde quisesse. As estrelas desciam maravilhosamente próximas e o céu era tão encantador! A morte era um amigo e o sono era irmão da morte (...). As estrelas tão pertinho da gente, e a tristeza e o prazer tão perto um do outro, a mesma coisa, no fundo. Só queria estar o tempo todo bêbado. Quem foi que disse que isso não prestava? Quem ousa dizer isto? Os pregadores, mas eles têm a sua maneira própria de se embebedar. Mulheres magras, estéreis, mas estas são por demais miseráveis para compreenderem uma coisa assim. Os reformadores, mas estes não conhecem a vida bastante de perto para poder julgá-la. Não senhor... As estrelas estão muito próximas, tão próximas, e eu pertenço à confraria do mundo. E tudo é sagrado...tudo até mesmo eu. (Página 417)



Daí que reli isso e fiquei pensando se deveria deixar um depoimento com um trecho de um livro de Virgínia Woolf pra uma amiga. Naturalmente, não ia colocar as referências nem nada disso. Mas, quer saber, acho que não vale a pena gastar a literatura.

terça-feira, 28 de abril de 2009

Hoje o samba saiu.


Esse é o tipo de comunidade que vale um conta no orkut:

Tô aqui ouvindo alguém dizer que praga de mãe é a pior que existe. Isso é o tipo de comentário que me faz aceitar que a Idade Média não passou para todos e que a fogueira talvez seja a melhor forma de lidar com algumas bruxas//

O cd de Mônica Salmaso cantando Chico (Sim, ela também canta Chico - quer dizer, ela SÓ canta Chico) é razoavelmente bom. A versão dela pra Ciranda da Bailarina é realmente decente. E há outras coisas igualmente admiráveis, tipo Olha Maria e Partido Alto. Pra ficar tudo legal, ela só precisaria jogar no lixo a pose de Virgem Maria do rosto fazendo o show mais dramático e tenso Adoro dramas e tensões//

Foto: Eu e Marie Claire. "As minhas cervejas são de 1 real. Eu não pago por essas bebidas não. As boas são Bavaria, Sol, cordinhas, dessas que eu gosto. Ô moço, você não tem aí uma promoção de Beiju com Cerveja não? Esse negócio de refrigerante não está com nada"//

Pra não dizer que não falei das flores





Daí que a roda de conversa, bebida, música e risada mais legal é aquela formada por ex-integrantes do movimento estudantil. Fato. Tirei essa conclusão, no sábado, quando estava no aniversário de Luamorena Leoni. Tirando a parte em que eu bebi, cai, quase vomitei e encerrei a noite chorando initerruptamente enquanto obrigava dois dos meus melhores amigos a passar todos os 39 vídeos favoritos que tenho no Orkut, o restante foi absurdamente legal. Faria tudo de novo, quer dizer não tomaria banho de madrugada na casa de outra pessoa.

Dos presentes e conhecidos, todo mundo já tava fora do ME: ou largou porque se formou (É, né? Uma hora a gente também se preocupa com as aulas da universidade) ou porque foi tirar férias intermináveis enquanto pensa em táticas mais práticas de mudar o mundo que não necessariamente envolvam marchar pela Avenida Sete no belo sol de 34 graus que faz aqui nessa cidade. O meu maior referencial pra esse caso é minha amiga, com a retórica mais inteligente e clara que já vi, Munira (Ex-Frente Única, Ex-Carb, Ex-Contraponto, etc.).

Entrar no ME é tão indispensável quanto sair dele. De verdade, nenhuma experiência me marcou assim, tanto com a formação política, posturas e concepções que a gente carrega pra todos os lados, todos os dias, aprimorando e evoluindo, quanto pelas, extremamente necessárias, desilusões. O ME serviu até mesmo pra eu perder a vergonha, falar em público, discutir por horas intermináveis com aqueles anarquistas que queriam explodir a universidade, e me divertir muito com as picuinhas entre todas aquelas siglas que representam as inumeráveis correntes constituintes da esquerda brasileira. E, vai, naquela época eu não achava um saco perder 4h numa assembléia pra discutir quais seriam os pontos de pauta da reunião e depois de tudo decidido, opa, cadê todo mundo?

Quando essas pessoas todas se reúnem, ao invés de arranjar alguma explicação marxista-leninista-trotskista-gramsciniana para nossa relativa inércia e praquela conversa fiada de que captulamos e deixamos a resistência, etc e tal , a gente só arranja boas risadas. Boas risadas acompanhadas, agora, de samba. Maíra, ex um monte de coisas e siglas que não caberiam aqui, tem uma banda de samba, cujo nome eu não posso divulgar - não porque seja segredo ou exista o risco da banda se vender ao sistema (rs); é só que não tem nome mesmo, (vai saber por que). Finalmente alguma coisa underground que não seja o som lamentável do rock baiano. Mamai, além de cantar bem, dançar bem, atuar bem, ter olhos lindos, ainda gosta de Chico, Edu e Noel. Currículo completo, fechação total.

Falar de ex-militantes estudantis poderia até me deixar com aquela sensação passiva de ser "meio intelectual, meio de esquerda". Mas, diferente daquela sensação de que o ME só vomita pra fora da "resistência", bêbados desesperançosos e desiludidos ávidos por se esconder no submundo da cultura, dos bares e da vida, fico, nesses encontros, plenamente feliz de ver que esse mesmo Movimento pode sempre colocar pra fora de si pessoas mais humanas, sensíveis, evoluidas, sensatas e dispostas a não necessariamente mudar tudo num passo de um revolução vermelha, mas de mudar a vida de qualquer pessoa da forma mais simples que lhe é possível. De cada um, de acordo com suas habilidades, a cada um, de acordo com suas necessidades. Nisso, o velho Karl nunca perdeu a razão.

Foto 1: Onde estará o autor dessa chatice?

domingo, 26 de abril de 2009

Desafetos dominicais


Música gringa é um lixo, um lixo.


A vida dando voltas sobre um mesmo lugar.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Santa Chuva, saudade e outras coisas mais.


Semana começando na quarta-feira é a melhor coisa que pode acontecer. Minto, essa chuva belíssima aí fora consegue superar. Ontem fez 22 graus aqui. Levando em consideração que segunda-feira pela manhã eu caminhava pra faculdade sob um sol de 34, posso dizer que isso é quase um inverno glacial. E há pessoas reclamando. Mas reclamar do temporal ou da cidade que não tem infra-estrutura pra suportar 10 minutos de chuvisco?
Amanhã tenho aula de novo. De verdade, será que algum dia eu poderei ficar feliz de fazer coisas legais? Senti tanta saudade da viagem ontem que até sonhei que nadava por um gruta e, do outro lado, me deparava com, pasmem, os Andes e, claro, nevando. Juntarei dinheiro esse ano, juntarei dinheiro esse ano, juntarei dinheiro esse ano....

Mountain Bike: é como sua vida, sabe? Tem quedas maravilhosas, subidas lastimáveis, paradas, cenários bonitos e outros bem degradantes em vista, vontade de voltar, risco de se acabar em algum descuido, sensação de liberdade absoluta em alguns segundos, e, claro, define bem o que eu sempre digo da vida: no fim, é você e você e nada mais. Comassim eu elogiei o Mountain Bike? Quando cheguei ao hostel, quase xinguei o cara que me indicou o passeio - teve uma curva, a bicicleta passou descontrolada e por dois dedos eu não me bati naquele carro. E eu viajei SEM seguro saúde, SEM, foi demais me imaginar destroçado SEM um médico pra dar auxílio. Crianças não façam isso. Não façam.

Ney cantando Poema de Cazuza. Me acaba:

De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Eu quero ligar, eu quero um lugar






Ao sol de Ipanema, cinema e televisão!


Abrir a segunda-feira exige doses cavalares de Maria Bethânia cantando Chico Buarque.

Sente o clima dessa sequência:

Sem fantasia (Vem, meu menino vadio, vem, sem mentir pra você - Com aquele "vem" que só ela faz)

Bem querer (E quando o meu bem-querer ouvir, o meu coração bater demais, há de me rasgar com a fúria, a fúria, a fúria, a fúria dos animais - Rasgando cada "r" daquele jeito dramático)

Sem açúcar (Dia ímpar tem chocolate, dia par eu vivo de brisa, dia útil ele me bate, dia santo ele me alisa - Dá até pra imaginar a mão na cintura)

Atrás da Porta (Quando olhaste bem nos olhos meus - Segura a respiração)

Com açúcar, com afeto/Cotidano/Carolina (Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato e abro os meus braços pra você - Emenda com Cotidiano e tiops, é a parte mais viciante do disco, explosiva. E, bem, ela ainda canta Carolina, "eu bem que mostrei a ela, o tempo passou na janela e só Carolina não viu." Fechação)

Valsinha, Tatuagem e Bom Conselho (E foram tantos beijos loucos, tantos gritos roucos como não se ouvia mais, que o mundo compreendeu e o dia amanheceu em paz - De acordo comigo mesmo, é uma das melhores músicas já feitas no mundo. Apresente-me uma melhor e será somente equiparável. E Tatuagem, né? É abusivamente bom ver a voz de Bethânia grudando das palavras, parou)

Rosa dos Ventos (E a multidão vendo em pânico, e a multidão vendo atônita, ainda que tarde
o seu despertar - Dessas interpretações tipo Olhos nos Olhos, no começo do disco, que faz a gente pensar que a música é só dela. E, tá, de fato, é.)

Cálice (Como beber dessa bebida amarga, tragar a dor, engulir a labuta. A letra é data? É. Regravada incontáveis vezes? É. Já teve fase de enjoar e fase de não parar de ouvir? Absolutamente. Mas alguém discorda de que continua sendo uma preciosidade avassaladora e extremamente comovente?)

Baioque (Quando eu canto, que se cuide quem não for meu irmão - É a letra que dá título ao post. Não existe sedução maior do que a parte: "Mamy, não quero seguir definhando sol a sol. Me leva daqui, eu quero partir requebrando rock'n roll, nem quero saber como se dança o baião, eu quero ligar, eu quero um lugar, ao sol de Ipanema, cinema e televisão"- Não existe.)

Dois E Aindas:

E ainda (1)
tem Olhos nos Olhos, Terezinha, O meu amor (quem não gosta daquele "viu?" no final, desconhece bom gosto, beijos), Bárbara, Mar e Lua, Todo o sentimento, João e...Tipo, o disco TODO! Melhor não comentar, 200 páginas me esperam repousando lindamente na minha cama.

E ainda (2)
me pedem pra suportar essa gente ouvindo Ting Tings e Arctic Monkeys. Ora se...

Fotos: E ainda dizem que Bethânia não é bonita. Sure?

domingo, 19 de abril de 2009

¿Porque no te callas?


Dar As Veias Abertas da América Latina pra um presidente americano seria a piada diplomática mais cômica da década se não estivesse o gesto carregado de boas e sinceras intenções. Palhaçada!

Foto: E, tio, a idade chega pra qualquer um, né? Pra qualquer um.


Pergunta de domingo

O que fazer com as pessoas?

Alguém tens uns trocados e uma cabana digna aí?

sábado, 18 de abril de 2009

Velha roupa colorida

Aproveitando o sumiço repentino da renite, vasculhei umas fotos antigos no acervo. Mesmo com uma lista de afazeres extensa, perigosa e, em partes, aborrecedora, esse é o tipo de atividade que subverte prioridades e me qualifica, hummm, pausa, pra vida.



Lição do dia: ou você consegue um estágio e compra roupas novas ou você sai do enquadramento segundos antes de alguém disparar o flash.
Confissão do dia: Tá, é verdade, eu sou adepto do bate-torce, não conseguiria viver sem meus lobos, me apego a algumas roupas e acho que a psicologia me entenderia mais do que a economia.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Perigo


A garganta tá inflamada e a renite está caminhando pra uma gripe. Ou chove muito ou faz muito sol, as duas coisas alternando de 10 em 10 minutos não produz bem estar pessoal. Sonolência em excesso mandando lembranças.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Na lama


Fim da linha, queridão, o briquedinho não tem mais graça: desce! Estou na lama. Tá na hora de acabar com essa história em que me jogaram. Eu não escolhi, tá? Eu não escolhi.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Dos meus afazeres.



Suponho que terei uma dificuldade abominável em vencer meu sono vespertino. Hoje, por exemplo, tinha planejado ler uns textos, escrever umas coisas pendentes e ir ao curso de história, cinema e literatura africana lá no CEAO. A verdade é que a coisa mais produtiva que fiz foi passar a primeira hora da tarde no orkut e no msn procurando coisas e rindo de umas besteiras. Ao menos, agora eu sei que os livros que eu pedi na Saraiva não só não foram cancelados por problemas no cartão de crédito, como, nesse momento, já devem estar em algum depósito fétido do aeroporto ou da transportadora. Feriadão promete.

Desde que iniciei minha busca desesperada em torno de trabalho e sobrevivência, tenho que me submeter a atender o telefonema sempre. É um transtorno. Estava no décimo quinto sono, absorto em nada, preso ao barulhinho deteriorante que existe inevitavelmente nesse doce lar, e o telefone toca absurdamente alto e até me dar contar de que era mesmo o meu celular e não um carro de de mensagem indesejável fazendo palhaçadas cafonas aqui na Católica para algum desorientado, o caos mental já tava pronto. Caos mental comigo não funciona quando estou sobrecarregado. É mais intempestivo. As frases se batem soltas e desconexas no interior do meu cérebro, as sinapses não se completam com a aguda destreza que deveriam e as letras se desgrudam batendo dolorosamente na minha cabeça. O resultado é que não lembro de nada do que digo e falo um monte de coisas que se eu lembrasse ou tivesse coragem suficiente pra perguntar depois sobre o que eu falei ao meu interlocutor, teria absoluta certeza de que o caminho a ser tomado não é o do curso no Ceao, mas o do terapêuta (Tem acento, estou desaprendendo a escrever o português de escola). Meu temor é que algum dia não seja um amigo lembrando de minhas atividades diárias, mas um chefe de um lugar super legal que paga super bem e que super me interessa, tipo, o carinha do Núcleo de Mata Atlântica do Ministério Público. Melhor não dormir, né? Melhor não dormir. A sensação de recusar uma chamada é preciosa. Já perdi as contas de quantos números desconhecidos eu recusei sem pestanejar. Agora que aceito tudo, pareço até funcionário público próximo do fim do expediente: seis horas, já sinto alívio e as sete, felicidade barata: posso recusar quem eu bem entendo.

Sonhei com pessoas estranhas fazendo coisas estranhas. Preciso fazer a lista dos sonhos mais esquisitos que já tive. Lista essa, evidentemente, de domínio privado. Vou interromper. (Bethânia cantando Rosa dos Ventos, " de murmurar entre as pregas, de tirar leite das pedras, de ver o tempo correr. Mas sob o sono dos séculos, amanheceu o espetáculo, como uma chuva de pétalas, como se o céu vendo as penas morresse de pena e chovesse perdão"). Bethânia cantando Chico Buarque está entre as coisas que eu mais gosto de ouvir. É absurdamente bom. E eu tenho o vinil da época, tá? A única herança boa que vou receber, certamente. Estava pensando na incidência constante que eu tenho de gostar dos triunviratos da música popular brasileira. João, Vinícius e Tom. Chico, Caetano e Gil. Elis, Bethânia e Gal. Milton, Gonzaguinha, Cartola. Renato Texeira, João Bosco, Aldir Blanc. Cazuza, Renato, Hebert Vianna. Ok, vamos parar aqui pra manter o nível e a validade da minha teoria pós 5h de sono. Reunião de Trabalho em Cira, juro.

Foto: Essa formação personalista, cordial e amigável do nosso DNA transbordando no meu blog. Hélio Ribeiro fazendo suas maldades enquanto bebe.Melhoras Eliot.

Pra melhorar o humor
: Vamos ter uma Bienal digna finalmente. Escreverei, pois, sobre. rs

domingo, 12 de abril de 2009

Atotô


1. Vergonha é desejar Feliz Páscoa pra puxar assunto.

2. Forca pra essas pessoas que reclamam de Salvador como se tivessem descoberto uma cobra debaixo da cama. Oh!

2.1. Provincianismo, falta do que fazer, reclamações em excesso, desorientação coletiva e latente estupidez da classe média pretensamente escolarizada. Oh, give me a break, ok?

3. Scotland Yard, devolva minha massa cinzenta.

3.1. War, quem te quer?

4. Funcioalismo público ou escravidão privada? Eis o caminho do meu fracasso.

5. Dinheiro, quero marcar um encontro com você. Precisamos discutir a nossa relação.

sábado, 11 de abril de 2009

Montanhas, meninas, te quero.


Você sabe que as coisas não estão nada bem quando coloca esparadrapo nos dedos para não sentir dor na hora de digitar. Que diabos que a internet anda fazendo comigo? Quero só ver quando essas pessoas que passaram a vida inteira criticando a tv deixarão de lado essa conversinha de que a internet libera o pólo de emissão, que democratiza, que revoluciona e toda essa retórica de quem saiu do estádio quando a luta de classes acabou no ringue (?), perceber que estamos ficando mais tolos do que já éramos. Sim, é possível. Sim, está acontecendo em todos os lugares com quase todo mundo. A verdade é que toda vez que entro na internet e sei lá passou 3, 4h conectado sinto que o pouco de inteligência que adquiri durante esses 20 anos é subtraída de forma dolorosa e com uma desfaçatez curiosa. E o mais lamentável é saber que, nessa sociedade, perder inteligência ou deixar de adquirí-la em nome da ociosidade burra e repetitiva não é apenas natural, mas um valor altamente desejável. O que fazer?

Foto: Gal Costa cantando na montanha. Frio absoluto, céu cinza, silêncio milenar e paz. Foram dias felizes. Preciso de vocês novamente.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Eu despedi o meu patrão


Preciso de um emprego novo. É bom deixar claro: q-u-a-l-q-u-e-r emprego. Entrei no momento de compreensão da vida que aceita plenamente o fato de que se o mundo me faz de puta, eu tenho todo direito de fazer dele um bordel.

Qualquer emprego de comunicação/Jornalismo, me avisem. P-r-e-c-i-s-o. Ah, mas não pode ser em empresa de engenharia (sim, existe raça pior do que jornalistas) e não pode ser na periferia de Simões Filho.

Acorda amor
Eu tive um pesadelo agora

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Pegando a BR [Literalmente]


Ontem a noite fiquei lendo Mitologias, de Barthes. Eu não consigo gostar, simpatizar ou me animar com qualquer estudo na área da semiologia. É pretensiosamente interessante, verdadeiramente chato e cruelmente difícil. Cruel porque não permite uma leitura agradável e de compreensão mínima. Não é possível que alguém quando escreve não pense nunca em quem vai ler aquilo ali e o que vai achar daquela panacéia toda. Mas Eco, Barthes, Saussere parecem quer fogem a regra básica. Toda vez que me deparo com textos pretesiosamente interessantes, verdadeiramente chatos e cruelmente difíceis, em xerox pouco legível, me questiono sentido de estar fazendo aquilo, de continuar na faculdade vendo certas besteiras inúteis, me pergunto porque não largar aquilo ali imediatamente e ler coisas mais úteis. É um pesadelo. Passei horas pensando na facom, grifando uma linha ou outra, horas pensando o que deveria fazer quando acabasse a faculdade, isto é, levando em consideração que eu realmente pretendo terminar a graduação, e se deveria ou não aceitar a proposta de estágio lá em Simões Filho. Ensaiei bem a resposta que daria assim que me ligassem de novo. Tudo nos conformes, risadinha na hora certa, rejeição a base do estou-visivelmente-contrariado-mas-não-vai-dá, e todas essas coisas que a gente treina para dar um belo de um fora e que na hora só sai um "sim". Pois é, pasmem, saiu. E o mais grave, com o consentimento da minha vontade. Avaliei: engarrafamento até o iguatemi, espera de ônibus pra simões filho, engarrafamento até simões filho, irritação e outras coisas mais? Sim. Só que eu preciso trabalhar, ganhar dinheiro, colocar experiência no meu currículo frouxo, comprar um ar condicionado para o meu quarto, ajeitar meu acervo de livros, etc. E o mais importante de tudo: Rio de Janeiro e Curitiba entraram na lista de afazeres.

Foto: No dia em que o avião quase caiu indo pra Cidade Chuvosa, digo, Maravilhosa. Quando chove no Rio a coisa mais provável de acontecer é descer no aeroporto errado, perder a conexão e acabar dormindo nesse saguão maravilhoso do Galeão, cuja internet custa 42 reais a hora e o terminal de embarque 1 tem a mesma extensão que o Maracanã.

sábado, 4 de abril de 2009

É assim mesmo.



Ney Matogrosso para o Cirque du Soleil. A luz de Tieta, Cais, Revolta Olodum, Clube da Esquina nº2, Trio Metal, Minas Gerais e Maimbê Dandá no último volume. Revezamento 2x2, Milton Nascimento e Daniela Mercury aqui em casa.

Alucinação nos Mascarados, Armandinho, banho de pipoca de Carlinhos Brown, Novos Baianos, Ilê Ayê subindo o Curuzu, Maíra dançando Oyá Tetê, Maria Clara no camarote Bavaria Express. Saudade do Carnaval.

Proposta de Estágio em Simões Filho, indecência, força de trabalho sendo jogada no lixo da dignidade. Inversão térmica na Federação e fatura do cartão de crédito pedindo oxigênio. A casa caindo; temporal em Ubaitaba.

Glória Maria malhando na Paulo Meyra. Chico Buarque com apartamento na Barra. Aniversário de Rafael com maniçoba. Um ano que briguei feiamente com Nicole por quase nada. Criando coragem para digerir esse café da manhã.

Desdém desse povo do twitter. Desesperado com Itania Gomes mandando abandonar Carpinteiros, Levantem Bem Alto a Cumeeira, para ler Mitologia de Barthes. Barthes. Disposto a dizer 100 vezes que Pillow Fight é sinal evidente de retardamento coletivo. Daniel Quintiliano empolgado.

Semana Santa sem ovos de Páscoa. Bacalhau Salgado. Idéias de vídeos de 1 minuto. Hélio Ribeiro emprestando o basset round para o papel de Seann Penn. Airthon descrevendo a beleza suave da caatinga. Reny Rock planejando festival de massas. Baile Esquema Novo em esquema de decadência. Acampamento natureba em Ilha dos Frades. Rio de Janeiro, Angra dos Reis, Paraty, Flip. Eu te quero.

Cama desarrumada, tênis sujo, marcelo camelo cantando copacabana. Pessoais legais e relação íntima com a indiferença. Desprezo. Lembranças incríveis de Carrera ensinando química. Nostalgia. Encerrando essa colagem e admirando a quantidade de comentários desse blog e minha disposição gratuita e sincera de não se importar.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Contos Populares do Brasil


De uma sociedade patriarcal, escravista e ruralista, seria quase desrespeitoso exigir que nossos pretos velhos, avós, bisavós, tataravós, e toda a árvore genealógica brasileira conseguisse criar e reproduzir, via tradição oral, contos populares que não carregassem em seu bojo a discriminação, a violência bruta (pleonasmo? talvez), o machismo, racismo e todas aquelas formas de opressão que temos aprendido desde que o marxismo se fragmentou em estudos de grupos e de causas específicas. A compilação feita, nos primeiros anos século XX, por Sílvio Romero, intelectual brasileiro de então, sobre as origens da nossa história popular é realmente um legado imprenscidível para a nossa compreensão enquanto povo. É claro que não se trata apenas de abrir Contos Populares do Brasil e aceitar sem objeção aquelas histórias fantasiosas que tomam lugar nos trópicos, em meio a selvas, bichos, relações primitivas, reis, rainhas, fadas, castelos e reinos. Para não falar em termos mais academicistas, como fundamentação teórica ou base de argumentação, a proposta ali é bem objetiva: um resgate dos principais contos populares brasileiros, que permeiaram nossa formação cultural e que contribuiu decisavamente para a entender a nossa relação de pertencimento a esse povo. Algo parecido, mais famoso e, desculpa os chauvinistas, mais legal e cativante, é a trilogia de Galeano, Memória do Fogo (aceito de presente).

Por hora, se estamos falando de oralidade e de formação cultural no Brasil, é preciso que se tenha em mente o tripé: negro, índio, português. E, posteriormente, o mestiço. Essa divisão absolutamente rígida e também absolutamente questionável, já que deixa todo índio, negro e português sendo igual, massificando-os, é até aceitável para a época em que a discussão sobre povo brasileiro estava numa fase pré-embrionária diante de condições sócio-políticas (com ou sem hífen?) pouco favoráveis a qualquer aprofundamento e trabalho teórico-intelectual. Para Sílvio Romero, foi o português quem forneceu a genética do povo, enquanto que as outras culturas, contribuiram num ou noutro aspecto, mas sem abalos maiores na estrutura que vinha da Europa. Ok, se foram os portugueses que nos deram a maior contribuição e sabendo que os que vieram para cá eram ladrões, corruptos, aventureiros, degredados, ignorantes, personalistas, etc, etc, podemos começar a entender porque construimos esse caminho dessa forma.

Na tradição oral, de fato, é absolutamente inquestionável a absurda preponderância do s elementos lusos. A cultura popular que, numa perspectiva gramsciniana, é simbolica e materialmente, resistência à cultura hegemônica de uma época, é também prova cabal de que num sociedade de classes, de disputa e de tensões, não há como sair incólume. Assim é compreensível que em contos populares oriundos de Sergipe, Pernambuco, Rio de Janeiro, etc, apareçam personagens com características notadamente européias, em cenários inimagináveis na realidade dura e quente dos países abaixo da linha do Equador, em situações completamente distoantes do cotidiano, mas que mesmo assim não deixam de ser brasileiras na sua forma mais elementar. Os contos são moralistas? São. Racistas? São. Privilegiam o ganho fácil? Sim. A malandragem pura e desavergonhada? Sim. Condenam as mulheres a serem amarradas em quatro burros para estraçalharem-se em público?Sim. Coisa mais brasileira que isso impossível.

A estrutura da narração é curiosa. Funciona sempre assim: havia três moças, três homens, três animais, três rios, três reis, três carpiteiros, três bruxas, daí os dois mais velhos sempre cometem os pecados mais óbvios do tipo abrir mão da benção paterna em troca da fortuna familiar, e o mais novo, que aparentemente tem todas as condições favoráveis a se aventurar pelo mundo levando a vida no imediatismo, da forma mais Cigarra possível, recusa a fortuna e oh, que surpresa, aceita a benção do pai. A narrativa se complica, entra em cena a repetição maciça, reproduzindo a lógica infalível da educação do povo pela lavagem cerebral, e quando o conto se aproxima do desfecho e as saídas parecem se complicar para o desequilíbrio total, a solução aparece de pronto na última linha, de maneira super faceira, encarnando aquele jeitinho brasileiro de se resolver os problemas do universo.

Os contos de origem portuguesa são sempre marcados pelo ar medieval e pelo tom quase épico, ainda que as influências locais sejam inegáveis: punição severa para quem merece ser punido severamente, dias dourados para os bons e despreendidos. Os contos de origem indígena, ao contrário da irresistível vontade que nosso inconsciente sempre tem em percebê-los com anedotas de Sol, Lua e Tupã, tem outros critérios de abordagem que não necessariamente a explicação do universo. Há na prosa indígena o caráter pedagógico também. Ensinamentos e, em certa medida, aquela moral que para nossa moral torta seriam só conselhos e endereçamentos desprovidos de conteúdo ou apelo científico - sub. O mesmo argumento para os de origem africana. Nada de Oxum, Oxóssi, Xangô brigando com Ogum por Oyá. Há uma ênfase na humanização de animais, o que, de certa forma, priva os homens do constrangimento da realidade.

Romero opta por não fazer grandes interferências naquilo que foi transmitido, preservando a natureza das histórias e fazendo o impossível para mantê-las com certa coesão e interesse. Mas de boas intenções, o Brasil estava tão cheio que mandou algumas para Lisboa. Seu Manoel, editor de esperteza admirável, estagnado no colonialismo e não satisfeito em promover o maior saque da história humana, se apropriou de vários contos brasileiros, alterou a naturalidade, sufocou deliberadamente os negros e índios do processo e ainda agradeceu a Romero pelo presente. Lamentável, não? Pior mesmo é saber que a escola brasileira nunca deve ter feito uma única menção ao livro, nem como indicação, como curiosidade, como tentativa de educar os burrinhos falantes. Nada. E o que me deixou mais desiludido nesse embróglio todo foi saber que aquela história linda, que mexia com minha consicência, que me atordoava provocando fúria, de que o urubu tinha sacaneado com o cágado na volta da festa do céu NÃO tem nada de criação única da minha pró do maternal. 20 anos de enganação. Mais brasileiro que isso, realmente, é impossível.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Bota a mão nas cadeiras, menina, faça o favor de mexer


Gilvan,

Consigo ficar em casa, caminhar nas ruas, subir e descer pequenas ladeiras sem presentear o mundo com meu suor. Delícia essa mudança de cidade. Saí de casa também, sabe? Esqueci que tenho uma família formada de irresponsáveis, transtornados e fracassados. Faz bem uns anos que não ouço o grito de minha mãe perturbando meu juízo com picuinhas tolas. Da família mesmo, saudade de nada. Oh really? Sim, sim. E agora tenho salário de gente. Dá até pra passar as férias em Dubai. Tá certo: é um emprego repetitivo, cargo público, daqueles que exalam mediocridade de longe e cuja pretensão básica é me aposentar por invalidez aos 64. Mas quem se importa? A lição de que não se pode ter tudo na vida eu aprendi quando ainda nem tinha CPF. Opa, agora tenho que sair para atender uns amigos que estão chegando.

Fique bem suado nesse calor do Exu,

Abraços fraternos.

PS: Você ainda vai ter um primeiro de abril como esse meu. Assim espero e tiops, não desanima, tá? Não desanima.
PS1: Ah, essa foto daí, é da janela da minha casa! Bonita, né? Quando vem me visitar, pobre? Te espero.