
Vou escrever no calor do momento. Ontem, o Teatro Castro Alves viveu mais um dia de glória. Um desses momentos únicos em que se fez história para a música brasileira e também para a música cubana. Um encontro memorável mesmo, daqueles que não se pensa sequer no rombo financeiro que o valor do ingresso vai causar no seu orçamento. O encontro de Maria Bethânia com Omara Portuondo foi emoção do começo, quando elas cantam O cio da Terra, até o fim, quando encerram o show com O que será? e Palavras. O encontro das duas foi como o de Chico Buarque com Caetano Veloso nos anos ferrenhos da ditadura, antes deles partirem para o exílio. E viver isso é inexplicável. Bethânia praticamente não falou. Omara era o carisma em pessoa. Ouvir Gente Humilde foi como sentir o peso de 500 anos de saque, exploração e miséria da América Latina. Um canto penoso, quase um murmúrio, mas, ao mesmo tempo, forte, intenso. Depois foi a vez de Bethânia interpretando Partido Alto, O ciúme e Começaria tudo Outra vez. E eu não tenho dúvidas de que é a nossa maior intérprete. Omara se embolou um pouco em Marambaia, mas nada comprometedor. Fato: ela é tranqüilo, calminha, mas rouba a cena em muitos momentos do show. Dança, samba, interpreta, brinca e coloca o TCA em pé pra dançar Guantanamera. Por fim, ainda posso ouvir Bethânia dizendo:
Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.
As cartas de amor, se há amor,
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Mas, afinal,
Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.
2 comentários:
ai aia ai...e eu não fui.
que invejaaaaaaaaaaa!
Postar um comentário