Só soube hoje que Ildásio Tavares, poeta baiano, um dos meus preferidos, morreu no começo de novembro.
Não existe hora certa, existe o meu relógio,
Lembrando sempre com seu tic-tac
Que há vida
Para ser vivida,
Que houve a vida
Que não se viveu.
Não importa que o rádio renitente ruja
São tal hora e tal minuto
Hora oficial,
Afinal.
Que há de oficial em minha vida?
Somente,
Quebrando a paz exata deste espaço,
Levando a mim à frente, sem retorno,
A tiquetaquear meu ser-serei,
Existe o meu relógio, –
pulso falso,
Sensato solilóquio, lento certo,
Que canta
O canto
Do tempo
Que é meu