O primeiro atingiu a pálpebra esquerda, trazendo-lhe o desconforto de estar no mundo. O outro caiu vertiginosamente contra a estrada que seguia. Vendo-o se transformar em nada, se desfazendo diante daquilo que poderia ser a imensidão, sentiu o infortúnio de rasgar-se em vida. E agora que existia, poderia contar algumas histórias
sexta-feira, 18 de junho de 2010
Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.
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quinta-feira, 17 de junho de 2010
Vai quer não é nada disso.
De repente, uma alegria injustificável invadiu-lhe a face. Satisfazia-se numa explosão de contentamento que ninguém, no mundo inteiro, poderia entender. Era um sorriso capaz de derrubar as mais robustas muralhas e de atropelar o sentimento mais inflexível. Aquilo possivelmente era o gozo da vida. Somente isso poderia deixar o seu corpo inteiro a deriva num oceano de ar. Que direitos poderia ter de sentir-se assim? Não naquela cidade, não naquele cotidiano. Não com o pesar da perda, com a firme convicção de que fora derrotado. Perdera uma parte de si. A perda crua sempre foi para ele uma questão particular. Nunca poderia perder para alguém. Ainda que alguém lhe infligisse uma derrota fragorosa, essa derrota só poderia ser sua e nunca, absolutamente nunca, do outro. Então, por que sorria? Por que diabos aquela alegria surpreendente se atrevia a romper com o silêncio velado da perda?
A única resposta que via diante dos pequenos olhinhos molhados pela felicidade desesperadora era a necessidade de negar o mundo. Sim, tratava-se de negar o mundo. Era daí que brotava a alegria e aquele sorriso débil e meio cínico. Negava a cidade, negava o cotidiano, os amigos, o trabalho, negava os livros, os seus escritos e as suas dores. E a completude da negação, aquele ímpeto mordaz, avassalador e feliz era mais do que a negação do mundo: era a negação de si mesmo. Porque existir naquele instante era tão somente isso: negar-se.
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Vai ver que não é nada disso
A Cidade da Bahia
Embora meu tempo nesse lugar tenha se esgostado, é aqui que guardo mistérios, alegrias e descompassos. E nesse meu olhar há somente deslumbramento e um pouco de paixão. Bati essas fotos num dia de cansaço.
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segunda-feira, 14 de junho de 2010
A lagarta rasteja até o dia em que cria asas
Se avexe não
Amanhã pode acontecer tudo
Inclusive nada
Se avexe não
A lagarta rasteja até o dia
Em que cria asas
Se avexe não
Que a burrinha da felicidade
Nunca se atrasa
Se avexe não
Amanhã ela pára na porta
Da sua casa
Inclusive nada
Se avexe não
A lagarta rasteja até o dia
Em que cria asas
Se avexe não
Que a burrinha da felicidade
Nunca se atrasa
Se avexe não
Amanhã ela pára na porta
Da sua casa
Se avexe não
Toda caminhada começa
No primeiro passo
A natureza não tem pressa
Segue seu compasso
Inexorávelmente chega lá
Se avexe não
Observe quem vai subindo a ladeira
Seja princesa ou seja lavadeira
Pra ir mais alto vai ter que suar
Toda caminhada começa
No primeiro passo
A natureza não tem pressa
Segue seu compasso
Inexorávelmente chega lá
Se avexe não
Observe quem vai subindo a ladeira
Seja princesa ou seja lavadeira
Pra ir mais alto vai ter que suar
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Quando se esgotou naquela discussão sem fundamentos, percebeu apavorado que sua vida pouco se desprendera de si. Não havia entregado-a para quase ninguém. Era essa sensação de estar em si, de não ter se espalhado, deixado e recebido pedaços e sentimentos, que o deixavam na solidão. Buscando algum contentamento, alguma vontade apaziguadora, pensou: “Para uma ou duas pessoas existo. Sim, existo”. Não tardou para que fosse acometido pelo drama de estar envolvido por pessoas sem tê-las e sem que elas também o tivessem. O resultado era nada. Olhou para o mar e se deixou ali. Entrou na sublime existência da vida.
Há conserto.
Bem, a vida declarou para mim que não nasci com o intuito de ser de utilidade pública. Em contrapartida, declarei para ela que concessões são aqueles interlúdios necessários à nossa pouca sobrevivência e alegria. E, um mês depois do último post, quando até eu mesmo pensei “meu deus, abandonaram meu blog”, volto para aquele espírito solidário tipicamente natalino, embora estejamos às vésperas do São João e da Copa Fail do Mundo. Minha máquina digital, uma velha Sony Batista cansada de guerra, parou de funcionar. Saí procurando por todos os becos, ruas e avenidas, lojinhas que pudessem consertá-la por um preço que coubesse no meu orçamento – essa informação é só para salientar que não procurei o serviço técnico autorizado. Depois da odisséia da peregrinação, sob o sol de inverno da cidade, tipo 40 graus, encontrei quatro que me pareceram bem legais, seguras e acessíveis financeiramente aos que sobrevivem com o bolsa mesada. Não lembro o nome de nenhuma (gzuz, amnésia não alcoólica chegando com força aos 21), mas sei o endereço. Aqui:
1) No Max Center (ou Pituba Center, são gêmeos siameses), ali no Itaigara. É no segundo andar.
2) No Edifício Porto Fino, em frente ao Hotel da Bahia. Tem uma galeria que é a cara da imundice. O rapaz que atende costuma se atrasar depois do almoço, mas, dizem, é a simpatia e a eficiência (pena que não resisti ao chá de cadeira e passei pra próxima).
3) Avenida Sete, Edifício Marques de Abrantes, também no segundo andar. Flash Maq. O serviço, que inclui recepcionistas felizes, orçamento rápido, conserto imediato, compensa as informações desencontradas pra encontrar a loja.
4) Subida da Rua Chile. Logo ali na curva. É pequenininha, mas ta no centro de Salvador há uns 1000 anos.
Fiz o orçamento na do Max Center e na Flash Maq. O resultado foi 130 reais nas duas e optei pela segunda, que, além de tudo, entrega o produto em casa. Sem nenhum custo, crianças.
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