Na agenda constava:
19 de março:
06:40 acordar
07:00 ir para a faculdade
08:30 Sair da Faculdade
09:00 Médico
10:30 Biblioteca Comunitária (Imbuí)
13:40 Polícia Federal
14:00 Jornal
Era para ser assim. Aí, você descobre que tem que ir ao banco antes de ir ao médico e conclui que não tem cara de pau suficiente para assistir apenas 30 minutos de uma aula de 4h, e você vai ao banco e descobre que títulos só podem ser pagos em caixas eletrônicos para quem tem conta corrente e que os caixas só abrem nove horas. Você vai para o médico acreditando, piamente, que será atendido no horário exato sem saber que levará um bolo de duas horas. Depois o médico pratica tentativas sutis de degeneração facial e utiliza você como cobaia. Você fica preocupado com o poeta que entrevistaria na biblioteca porque o coitado ainda não sabe, mas você já decidiu que voltará ao banco para pagar o documento e que talvez nunca mais volte a entrar em contato com ele. E você chega ao banco e enfrenta uma fila de uma hora e sai correndo para tentar chegar em casa. Assim que você coloca os pés no ponto você percebe que por 10 segundos, aqueles exatos 10 segundos que você gastou comentando sobre o tempo instável com o caixa do banco, fez você perder o ônibus. E, nessa hora, chegam dois pedintes enchendo a paciência porque estão com fome e ameaçando jogar lama se não contribuírem com o almoço deles. E você espera mais 30 minutos pelo próximo ônibus. E ainda espera mais 20 minutos, em pé claro, até chegar ao destino. Em sua casa, as coisas continuam como sempre e sua mãe amada faz um tratado sobre como não é necessário se estressar tanto (desconsiderando o fato dela viver estressada) e encerra a epopéia dizendo que o almoço vai atrasar e que não sabe por onde anda minha certidão de nascimento.
Ok, tudo o que eu tinha que fazer era chegar à sede da polícia federal em uma hora e meia, com todos os documentos, inclusive o tal boleto, e resolver minha vida. No dia anterior, tinha recebido a informação segura de que a sede da polícia federal ficava bem próximo do Mercado Modelo. Então, Gilvan pega um ônibus e desce no Mercado Modelo. Mas aí, o céu nublado resolve desabar só para criar um engarrafamento e, acreditem, até a rua onde eu moro há mais de oito anos, cujo trânsito é sempre livre no começo da tarde resolveu ficar congestionada. Faltavam ainda 25 minutos e eu já estava no referência enfrentando o barulho da região do Elevador Lacerda. Uma mulher me pára e pergunta: “Ta fazendo um sol danado pra você estar de óculos escuros, né seu minino?”, coisas que só se vê na Bahia. Respira fundo, pensa “vai dar tempo”, e comece a pedir as informações. Bem, aqui começa a segunda parte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário