segunda-feira, 30 de maio de 2011

Em Sudamérica

Eu sei que ficar postando fotos em blog parece 2003, época de fotolog, de imagens horrorosas e comentários que 8 anos mais tarde nao podem ser outra coisa senao ironia fina. Mas vou compensar a falta de tempo com algum post diário. Aproveitando esse mês que nao acaba nunca e mudo logo. Essa é a Torre de Livros. Eu achei incrível toda a intervençao artística de todos os lados, de baixo pra cima, de cima pra baixo, passando frio na fila. Mesmo sem ser profissional, a camera fotográfica ajudou a captar essas fotos que eu gostei muito. Ficam só algumas pra nao encher a paciência com o mais do mesmo. A artista é Marta Minujín. Super louca, descolada e deveras cativante - e me lembra sempre Kill Bill. 







sábado, 28 de maio de 2011

Eu começo por onde a estrada vai.

Esse post vai sem os acentos e demais pontuaçoes do bom (rs) português. Vai também sem texto e sem análises de qualquer coisa. Tentei escrever durante esse mês fora, mas a vergonha de saírem coisas medíocres (leia-se mais medíocres do que o meu cômodo costume já oferecia) e os receios de transformar tudo num grande diário de viagem, escrito as pressas, cheio de repetiçoes e coisas absolutamente desnecessárias, só me habilita a postar algumas fotos - que também nao obdecem a nenhum critério estético aceitável em aulas de fotografia - e parcos comentários. Temporariamente, é isso que tenho pra fazer.

Depois que deixei Salvador, a primeira coisa que me recordou algum nível de civilizaçao urbana foi o Rio de Janeiro. Quer dizer, a primeiríssima foi o Cristo Redentor de braços abertos. O dia nao tava lá com aquelas cores tropicais, mas descer no Rio enche de cores meus olhos. Daí em diante, conexoes infinitas. Se duvidar fui pra Manaus e nao me dei conta. Foi o jeitinho que a TAM escolheu pra dizer que sou classe econômica restrita.
Aí o Sul do país te dá esse céu azul que até sugere enganar alguém de outros trópicos, mas é tudo brinks. E você sabe disso quando recebe nas costas aquele ventinho que estudávamos nos livros de geografia: Minuano.

Na foto, o Gasômetro - é também estranhei o nome. Boa parte dos meus dias passei aí, vendo os filmes do Cine Esquema Novo. Um monte de coisa legal e outra babaquices que aquelas pessoas com óculos fundo de garrafa adoram levantar, aplaudir e celebrar como o último sopro da criaçao pós moderna. Perdi a paciência pra esse tipo, sabe? Mas o lugar é bem legal. Parece um pouco com Austrália: enorme e vazio.
 O céu levemente metálico depois do pôr do sol, que nao chega a ser padrao Baía de Todos os Santos, mas está super longe de provocar vergonha alheia.
Toda cidade que pontua Mercado Municipal como ponto turístico merece um pouco menos de respeito. Esse até era legal e relativamente limpo. Vendiam coisas de Umbanda também, o que, evidentemente, me recordou a Feira de Sao Joaquim. E tinham uns temakis que pareciam deliciosos por 4 ou 5 reais (sim, o custo de vida em Porto Alegre é bem mais barato do que em Salvador - e olha que o poder aquisitivo da populaçao é maior).  A Umbanda no Sul tem influências ciganas. É como dizem, nesse país até o marxismo se mistura com dendê.


Gabriela me mataria por essa foto, tenho certeza. Mas achei um tanto de fofura e amor nela. No Santander Cultural, um prédio bem imponente no Centro da cidade e com exposiçoes, mostras, cinemas, etc e tal. 
 
No dia, tinha um fotógrafo bem velhinho fazendo a visita guiada pelo V Festival de FotoPoa. As fotos dele eram tao surreias de boas que se eu tivesse vergonha, jamais voltaria a tocar numa máquina. Mas eu nao tenho e segui. 


Fazendo pose pra o ferro-velho que se chamam de arte. 

A Casa de Cultura me ganhou na chegada. Achei tudo bem leve e poético. Tá certo que algumas fotos lembram a Casa Rosada, em Buenos Aires, mas o lugar tem algo de original, de próprio. E a luz que bate lá no último andar, as cinco horas da tarde, é como um quadro descrito por Virgínia Woolf. 

Bem, achei parecido. E abaixo uma demonstraçao de que, embora eu quase nunca saiba apreciar devidamente, eu sempre reparo nas formas e nos encaixes que as coisas assumem no concreto. 
A escada de Nazaré. 
 Esse sou eu tremendo de frio e verdadeiramente admirando o rio. 
 Essa praça tinha a cara do outuno. Algum milico lá em cima fazendo o que mais sabem fazer: apontar armas. Porto Alegre tem uma vila militar no meio da cidade. Tipo, nao esta isolada ou distante das pessoas. Tá no coraçao da vida urbana e qualquer um pode caminhar assim livremente. Se você nao pensa em fazer um filme ou ensaio sobre os anos de chumbo da ditadura, tudo é extremamente desnecessário. Assim como as forças armadas, claro.
Depois de quase uma semana, eu me despedi de Porto Alegre com um dia horroroso. Chovia, o aeroporto passou o dia inteiro fechado, a TAM nao queria cancelar o vôo, obviamente pra nao ter gastos extras, enfim, além da tensao de decolar nessas condiçoes, horas sem comer, horas passeando pelos mesmos corredores, horas vendo as mesmas atendentes do duty free e coisas do tipo. 

Faltaram coisas: Porto Alegre tem muitas casas noturnas - nao fiz o registro, risos- e um bairro bem boêmio - República. É uma cidade de fumantes, claro. E há bitucas de cigarro até dentro da sua cueca se duvidar. Almocei quase todos os dias no shopping Praia de Bellas. É meio phyno, mas, comparado a soterópolis, é peixe pequeno. As pessoas sao bem amáveis e, eventualmente, você acha que acabou de cruzar com alguma top model na esquina. Mas há gente BEM baranga também, o que, novamente, faz cair por terra aqueles clichês de que o sul só tem gente bonita e coisas do tipo. Na  verdade, achei esse pedacinho do país tao brasileiro quanto qualquer outro - um pouco mais limpo,  conservado e menos violento em alguns pontos, é verdade - mas com os nossos mesmos tormentos e esperanças.

Visitaria de novo fácil no próximo inverno porque verao, sem mar, sem brisa, sem carnaval e passando por ondas de calor abusivas, é deveras insuportável.